10 de Março de 1813

Como qualquer leitora regular desta coluna sabe, há duas seitas em Londres que permanecerão para sempre em oposição: as mamães ambiciosas e os solteiros determinados. As primeiras, têm filhas em idade de se casar, algumas até passando dela sejamos sinceros. Já os outros não querem uma esposa. O ponto de conflito deveria ser óbvio para aqueles com metade de um cérebro ou, em outras palavras, cerca de cinquenta por cento das leitoras desta coluna.

Por isso, a aparente ausência de eventos satisfatórios tem deixado metade dessa guerra angustiada enquanto a outra respira aliviada por alguns dias. Aliviados também estão os que já encontraram no matrimônio seu refúgio e usufruem da adorável lua de mel. Pelo que essa autora soube, Michael e Mariette Wentworth prolongaram sua lua de mel, o que faz com que as previsões de um casamento por amor que os permeavam se mostraram verdadeiras. E temos um casal mais recente, Jhonatan e Brooke Grey também saíram em lua de mel após seu charmoso casamento.

Outro jovem casal, um deles não tão jovem assim, decidiu se unir no sagrado matrimônio nesse final de semana. O proeminente parlamentar o Sr. Gilbert LaFayette, que já apareceu por aqui, escolheu uma noiva peculiar. A Srta. Davine Lewis, que era empregada da casa Windsor, parece ter conquistado a atenção de um dos viúvos da temporada (ou teria sido de dois? Seria ela a senhorita que saiu com o Marquês de Hopetoun?)

Entre os muitos segredos do parlamentar resta sobre todas nós, havidas leitoras especular o que realmente o encantou na jovem senhorita Lewis. A escolha por uma empregada é bastante curiosa, especialmente quando um homem de tamanha influência poderia ter tentado galgar melhores posições junto a nobreza. Seria amor verdadeiro ou interesses escusos? O que acham minhas amadas leitoras? Bom, esperamos que consigamos respostas antes do proximo trágico acidente.

É sempre importante se perguntar como certas coisas acontecem. Como as abelhas acham as flores? Ou como as belas empregadas acham os alvos certos para usurpar? Isso talvez seja um eterno questionamento humano. Desejamos aos recém casados toda a felicidade do mundo, ao menos enquanto a grama ainda for verde.

A celebração aconteceu de portas fechadas e foi destinada a convidados muito bem escolhidos. Poucos nobres, mas dentre eles podemos citar a família para a qual a jovem trabalhava, os Windsor, a distinta Condessa Cecília Romanov Alsacia, o solteiro e bonito Visconde de Talbot, a ousada Marquesa de Kent.

E por fim nossa mais recente aposta da temporada o Marquês de Hopetoun e Lady Eleanor Wentworth. Vossa Graça esperou a elegante dama na entrada e a acompanhou em todo evento. Os que viram o casal dançando puderam afirmar que fazia muito tempo que não se viam duas pessoas tão claramente dedicadas uma à outra.

Parece, queridas leitoras,que o cavalheiro está firme quanto ao seu cortejo. Embora essa que vos fala não seja aceita no White tem motivos para acreditar que as apostas oficiais para essa união são de duas para uma. É possível imaginar o alívio da Duquesa de Wessex. Será uma grande humilhação se Eleanor permanecer encalhada mais uma temporada.

Deve-se destacar que o Visconde de Talbot segue em nosso folhetim com sua dúbia reputação. O belo jovem aproveitou seu convite e quando as danças iniciaram convidou a igualmente bela Melisse Windsor para dançar. Mas não satisfeito, assim como já ocorreu em outro casamento, um passarinho azul informou a essa autora, que ele novamente dançou com a noiva.

Seria algum gosto peculiar do jovem visconde por mulheres recém casadas ou um aviso velado aos cavalheiros que estão se casando de que suas esposas podem facilmente encontrar outra fonte de calor para lhes aquecer a cama?

Por fim, mas não menos importante, a distinta condessa, Lady Cecília, irmã da falecida esposa do Sr. Lafayette foi quem teve a honra de pegar o buquê. Será que temos um sinal de que os caminhos da condessa vão se abrir para um novo amor?

O charmoso comerciante o Sr. Jhonny Sparrow foi visto em um momento pouco adequado e com um comportamento menos ainda entre os corredores da Biblioteca junto da Srta. Hanna Hillston Clark, cuja reputação só tem precedentes aqui na Srta. Íris Bellini. Os londrinos parecem estar cada vez com menos vergonha de si mesmos. Que lugar essa cidade está se tornando?

Outro distinto jovem solteiro, dono de fortuna e beleza consideráveis andou pela cidade distribuindo seu charme às damas. Porém, parece que a bússola do amor do cavalheiro não está muito bem calibrada, já que encontrou-se com damas como a Marquesa de Kent, que é casada, ainda que terrivelmente; a Srta. Wentworth, cuja atenção pertence no momento ao Sr. Crawford (não o devasso) e a solteira, mas cujo passado desconhecemos e está ligada a uma família que goza de pouca credibilidade no momento, a Srta. Nimue Gallach, prima dos Crowfords.

Seria esse o jeito que o cavalheiro encontrou para superar o fato que a fonte de seus afetos na semana anterior, a Srta. Evangeline Lawson está agora na França na companhia de outro homem que não ele?

Já vou elucidar os fatos, amadas leitoras. A família Lawson decidiu que a temporada não estava lhe agradando e resolveu visitar nossos adoráveis amigos franceses. Dizem que os bailes por lá são mais animados e coloridos. Nesse caso, não os julgarei. Porém, uma ilustre companhia se juntou a eles, o Sr. Nathaniel Miracle, cuja presença foi registrada na mesma cabine da Srta. Lawson, sem outra companhia. Que desastre tal fato pode vir a ser para uma dama não é mesmo? Ainda mais quando o irmão da jovem parece ter se enfurecido com algo já que foi visto a discutir com o previamente citado cavalheiro.

E fechamos com ousadia e mais escândalo esse folhetim já que o francês Sr. Arrian la Roche Dampierre foi visto adentrando na residência da Srta. Catarina Grace Bianchi completamente ensopado e sujo de barro permanecendo no local muito mais tempo que a decência permite. Resta-nos especular, estariam ambos a sós? Afinal de contas, sabemos que muitas damas já foram arruinadas por apenas um único beijo.