12 de Janeiro de 1813

A atmosfera de Londres parece ter mudado. Os nativos sabem que sua cidade-lar é sempre chuvosa e fria, mas esta autora tem motivos o bastante para acreditar que o clima começará a esquentar. Há tanto para dizer que não sei por onde começar! Imagino que todos concordem que o início é uma boa.

Muita coisa pode acontecer em festas da alta sociedade, e o baile abertura da temporada oferecido pela família real não é diferente. Não é de se surpreender quando depois de um evento como este há um ou dois casamentos às pressas. Rapidamente conseguimos imaginar o motivo, não é mesmo? Ah, os jovens casais que não suportam o peso da espera...

Um jovem que parece estar fazendo as moças jogarem o tempo de espera para o casamento de lado é o nosso príncipe. Não podemos negar que ele é um charme em pessoa, com aqueles olhos brilhantes e sorriso caloroso. Seria estúpido de minha parte se não perguntasse: quantos corações ele quebrará nesta temporada? Sabemos que uma dança pode encher uma dama de esperança… O que devemos esperar? Além disso, Vossa Alteza tem fama de romântico incurável, e esta autora acredita que seu poder já recaiu sobre uma das moças presentes no baile. Foram vistos muitos sorrisos entre a srta. Aurora Birdwhistle e nosso príncipe Azriel, que a levou para a varanda em uma dança sob a luz do luar.

Será que ela se juntará as joias da realeza ou fará papel de passatempo para nosso querido príncipe? As apostas parecem ser para a segunda opção. Esta autora autora diria que só o tempo responderá a questão, mas até ele passa devagar demais para mim.

Quem parece não estar indo devagar é o próximo casal citado.

Uma "coincidência" chegou aos meus ouvidos de que a srta. Christine Sunrise e o sr. Elliot Morreli se encontraram, por um acaso, no meio da noite de ontem. Seria uma escapada romântica? Um cortejo? Oh, espere! Será, ao menos, que os responsáveis da jovem sabem disto? Bom, agora sabem! Estão escutando os sinos da igreja das suas residências também, queridos leitores?

Esta foi de longe a história menos suspeita da noite. Não tão suspeito quanto a srta. Eleanor Guinevere saindo mais cedo do baile junto ao querido Duque Willard Russel em uma carruagem, é claro. O mais surpreendente dessa história é que meus informantes juraram de pés juntos que isso teria sido a pedido do próprio irmão da jovem. Que tipo de irmão pede que outro homem acompanhe a irmã sozinha até sua casa? Será que ele está tão desesperado assim para se ver livre da jovem? Bom, não vamos nos precipitar antes de condenar o rapaz, afinal, não é sempre que se vê a detentora de um exorbitante dote (a senhorita em questão é filha de um Duque) nos seus 24 anos ainda sem um marido. Passarinhos me contaram ainda que o irmão da jovem pediu que o duque a levasse direto para casa, mas algo foi dito ao cocheiro para seguir por um caminho mais longo, e alguns guardas concordam em terem visto a carruagem tomar um caminho diferente. Deveras estranho, não?

Com o final do baile se aproximando, ainda pudemos ver um tremendo desastre acontecendo entre uma criada e o senhor Jhonathan William Grey, que saiu de lá para algum outro canto ensopado de champanhe! Esperamos que o dono do bufê, senhor Garreth Adelbraser, não tenha chamado atenção da jovem criada. Afinal, o que seria um baile sem um bom desastre?

Que o baile de abertura foi realmente instigante, isso não podemos negar. As mães casamenteiras e filhas desesperadas seguem com os nervos à flor da pele, e o silêncio de nossa Rainha Charlotte de Meckelemburgo quanto a escolha dos diamantes da temporada só parece piorar os anseios delas. Por um lado é fácil entender a demora da Rainha, afinal, há muitas belas jovens que se aplicam a este título e algo assim não pode ser dito da noite para o dia. Já por outro e mais provável lado, as moças podem ser simplesmente desinteressantes, logo, Vossa Majestade deve pensar que nenhuma merece tal título honroso. Não sai da cabeça desta autora que a segunda opção pode ser a mais verdadeira.